Projeto executivo: como executar sem ele?

Um projeto executivo, por definição e em linhas gerais, é um conjunto de desenhos, diagramas e documentos descritivos que definem como um determinado projeto será implementado na prática. Eu iniciei minha carreira na engenharia em 1979 como aprendiz de desenhista de arquitetura, trabalhava com a famosa régua “T” um com tempo até ter o direito de usar a régua paralela, o mundo era analógico, usávamos canetas de nanquim e papel vegetal.

Com o tempo se adquiria as habilidades com o normógrafo e com o tecnígrafo. Os projetos complementares se limitavam aos hidrossanitários, elétrico, telefonia e estrutural, não existiam ainda os conceitos de cabeamento estruturado, automação predial, segurança eletrônica, etc.

Elaborar um projeto era uma tarefa artesanal demorada e cara, exigindo um esforço muito grande dos empreendedores e empreiteiros para sua entrega, mas sempre foram essenciais.

O mundo mudou, passaram-se 45 anos e hoje todos os projetos são elaborados em meio eletrônico, o mundo agora é digital, tudo muito mais fácil e ágil.

Mas será que a cultura das pessoas mudou, acompanhando a evolução tecnológica?

Apesar de tantas ferramentas que facilitam a elaboração dos projetos, com tantas bases de conhecimentos, profissionais e meios de consulta na Internet, por que ainda existem pessoas e empresas que executam obras sem os projetos executivos?

Muitas vezes me surpreendo com pessoas perguntando para que incluir no orçamento o projeto executivo, como se fosse uma etapa dispensável do processo de construção, seja de qualquer estrutura ou sistema.

Mas então quais são as vantagens de elaborar um projeto executivo? Por que perder tempo com essa etapa? O que agrega ao conjunto da obra?

Bem, sempre devemos começar do... começo. E tudo começa com uma ideia, que precisamos materializar. Esse processo de materialização passa por modelar a ideia, ou seja, projetar suas ideias no papel antes de executar. Daí a origem do uso do termo “projetar”. Por mais simples que seja a sua ideia, colocar no papel, ou qualquer outra forma de registro eletrônico permite visualizar suas ideias, confrontar com outras ideias, avaliar a adequação à aplicação, simular ajustes, alterar características, sempre no meio “virtual” podemos dizer hoje com muita propriedade.

Particularmente em nossa área de atuação, sistemas de automação predial, encontramos muitas oportunidades de desenvolver projetos desde o mais simples aos mais complexos, integrando diversas disciplinas e tecnologias através da simulação digital por meio de “Digital Twins” ou plataformas como BIM – Building Information Modeling. Em nosso próximo artigo vamos abordar o emprego da plataforma BIM na área de automação predial em suas diversas dimensões.

Considere ainda o ciclo de vida de um empreendimento, que se inicia com um projeto, depois passa pela construção, depois sua operação e manutenção. Como manutenir e operar um empreendimento sem a documentação necessária. E por mais complexo que seja um empreendimento, ele é composto por projetos simples que se conectam formando o conjunto da obra, nas diversas disciplinas.

Os projetos são ainda essenciais para que tecnologias como Realidade Aumentada e Realidade Virtual possam ser usadas como apoio à operação e manutenção dos empreendimentos, eles são a base sobre a qual essas tecnologias capturam as informações e podem correlacionar com os dados em tempo real de sensores e dispositivos em campo, tais traduzem a “ideia” original do seu projetista, o algoritmo neural natural que concebeu o sistema e o representou através de um projeto.

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